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Foto: cortesia Arany
Zoltan
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Hungria |
Existem ditados populares entre os Húngaros, que atestam a familiaridade com o instrumento, tal como: “Em cada cabana, basta um gaiteiro”. A Duda é utilizada para acompanhar o canto e a dança e estava presente em cerimónias rituais como as do solstício de
Inverno. Instrumento tradicional entre os pastores e
agricultores, este instrumento apela de forma muito directa ao ambiente agro-pastoril, com o seu fole de pele de cabra, com o pêlo muitas vezes virado para o exterior.
Em muitos exemplares assinalam-se também os ressoadores em chifre de bovino, seja para o ponteiro, seja para o bordão.
É um instrumento com tubo melódico cilíndrico, com palhetas simples de cana ou sabugueiro e tubos em madeira e corno, por vezes com incrustações de estanho e
chumbo. As tonalidades mais comuns são Lá ou Lá bemol, entre outras.

Detalhe do
ponteiro: notem-se as duas palhetas simples, o "buraco-pulga"
no topo e o ressoador de corno (amovível), na parte inferior. O
ponteiro incorpora dois tubos sonoros: tubo melódico (à direita) e
bordão com dois tons (à esquerda).
(foto: cortesia Arany Zoltan)
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Aqui
pode apreciar-se com mais detalhe o ponteiro colocado na buxa,
em forma de cabeça de cabra, talhada em madeira.
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O ponteiro apresenta similitudes com o da Boha da Gasconha
(França): é formado por uma peça de madeira com duas perfurações cilíndricas paralelas equipadas com palhetas
batentes, simples. Estas eram originalmente em cana ou sabugueiro, mas mais recentemente
utilizam-se outros materiais mais estáveis nos tubos das palhetas. A digitação do tubo melódico é
fechada. O timbre da Duda é, contudo, mais “cheio” e com mais harmónicos devido à existência de um bordão grave.
Possui três tubos sonoros: um tubo melódico e dois bordões cilíndricos de palheta simples.
O tubo melódico apresenta seis orifícios frontais e um, o mais agudo, na parte traseira. Tem a gama de uma oitava. A afinação básica é no modo mixolídio, mas um pequeno orifício semelhante ao “buraco pulga” das Gaidas búlgaras (tocado com o indicador da mão esquerda) permite dar os meios tons e emitir uma escala cromática completa, com uma oitava. No caso da Duda, este orifício é feito numa espécie de taco, ficando sobrelevado em relação ao corpo do
ponteiro.
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Tocador
de Duda
(foto: cortesia J. L. Matte) |
O tubo de acompanhamento emite duas notas, produzidas com o dedo mínimo da mão direita e utilizadas com fins harmónicos ou sobretudo de marcação rítmica. Nos ponteiros em Lá b estas notas costumam ser Lá b e Dó. O bordão cai paralelamente às pernas do tocador e afina na oitava inferior à tónica do ponteiro (Lá b).
É de notar que a Duda húngara, à semelhança de outras gaitas da Europa Central (checas, eslovacas…) apresenta uma cabeça de cabra talhada na bucha do
ponteiro.
Texto: José Gomes e Miguel Costa (Associação
Gaita de Foles), 2003 - Direitos Reservados
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