Associação Gaita-de-Foles A.P.E.D.G.F. APEDGF
Associação Portuguesa para o Estudo e Divulgação da Gaita-de-foles - Portuguese Bagpipe Society .'.
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Elementos de uma Gaita-de-fole
Exemplo das peças de uma Gaita Transmontana

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Todas as Gaitas-de-fole têm uma característica comum: possuem um fole, que se insufla de ar (alimentado pela respiração ou por um fole mecânico) e que tem ligado a si vários tubos: um tubo insuflador ("soprete") e um ou mais tubos sonoros: um tubo melódico ("ponteiro" ou "ponteira") e um ou mais bordões ("ronco"ou "roncão").

Como exemplo da morfologia básica de uma Gaita-de-fole, está ilustrada uma Gaita Transmontana, com o característico fole de cabrito inteiro. 
Esse tipo de gaita, oriundo de Portugal, possui todos os elementos comuns às Gaitas-de-fole que se podem encontrar um pouco por todo o mundo. 
Na ilustração podem observar-se com mais detalhe todas as peças que compõem os diferentes elementos de uma gaita, incluíndo as palhetas simples e duplas, que geram o som e que se encontram acopladas aos tubos sonoros - os nomes das peças do instrumento aqui assinalados variam em diferentes regiões do país.


Elementos de uma Gaita-de-fole


Fole
O fole é o reservatório flexível onde o ar é armazenado. Possui várias buxas de madeira, nas quais se encaixam as várias peças do instrumento (estas devem entrar nas buxas com suavidade, mas sem frestas que permitam a fuga de ar). Pode ser feito a partir de diferentes materiais: borracha, (a cair em desuso pois prejudica a afinação e a manutenção do instrumento), peles de animais, como por exemplo de cabra, bezerro, etc., ou gore-tex, tecido sintético muito recente que tem vindo a ser empregue ultimamente por alguns artesãos, uma vez que impede a acumulação de humidade.
A borracha não é recomendável, pois produz condensação de água dentro do fole, o que traz problemas como a saída de água pela palheta (com a consequente deficiência sonora), a rápida putrefacção da madeira das buxas, uma afinação menos precisa – dada a elasticidade da borracha – entre outros. Um material muito usado e recomendável é a pele de cabrito. 
Recentemente, popularizaram-se os foles feitos com duas faces de pele de bezerro, cozidas e coladas. Quando a pele está muito seca, torna-se mais porosa e perde ar, por isso, para manter a estanquicidade e boa conservação do fole, os poros da pele devem levar um banho interior de líquido obturador especial.
É habitual que o fole esteja protegido com um saco de tecido que o cobre completamente, que pode ser feito de tecidos de várias cores e padrões, conforme a preferência do gaiteiro; esse revestimento pode ser chamado de "Vestido", "Véstia" ou "Vestimenta".



Fole Mecânico
Algumas gaitas podem possuir, em vez de um tubo insuflador, um fole mecânico (semelhante aqueles que são usados em lareiras) que é accionado pelo braço e é ligado ao fole flexível através de um tubo. 
São exemplo disso a Uilleann Pipe, a Smallpipe e as gaitas galegas que possuem fole mecânico ("barquim").
A vantagem do fole mecânico é que este impede a entrada de humidade no fole, uma vez que não é necessário soprar, preservando melhor as palhetas e restantes elementos.



Buxas

As buxas são tubos cilíndricos de madeira que estão ligados ao fole e que dirigem o ar expelido para os tubos sonoros (que são encaixados nas buxas). Geralmente as buxas são fortemente atadas ao fole pela sua base, o que permite que quando o fole se encontra em mau estado e é necessário substitui-lo, se possam retirar as buxas. As buxas nunca devem estar coladas ao fole, (como pode acontecer em algumas gaitas de má qualidade). É nas buxas que se alojam as palhetas dos tubos sonoros e por isso é essencial que elas permitam o encaixe perfeitamente estanque das peças (para que não haja fugas de ar) e que estejam sempre limpas e em bom estado (a acumulação excessiva de humidade pode apodrecer as buxas e estragar também as palhetas no seu interior). 



Espigos
Os espigos são as extremidades dos tubos sonoros que encaixam nas buxas e nas restantes peças; geralmente são revestidos de fio encerado, cortiça ou poliuretano, para permitir que o encaixe seja suave e ao mesmo tempo, estanque. Os espigos devem ter medidas certas, para evitar que estejam demasiado folgados (com fugas de ar e mesmo queda das peças) ou demasiado apertados (o que dificulta a afinação dos tubos sonoros). É no espigo do ponteiro que se encaixa a palheta e no espigo da ombreira do ronco que se encaixa o palhão, por exemplo. 



Soprete ou Assoprete
O soprete é o tubo a partir do qual o fole é insuflado. A presença de uma válvula simples na extremidade oposta àquela por onde se sopra, permite a entrada do ar no fole e impede a sua saída. A válvula tem de vedar bem, para evitar que o ar volte para trás. Esta válvula pode ser de diferentes materiais. Utiliza-se com frequência uma tira de pele, mas esta pode ser substituída por látex ou borracha, já que a pele tem o inconveniente de secar, sendo necessário humedecê-la antes de tocar. Actualmente têm-se feito experiências com mecanismos de válvula diversos. O soprete deve guardar-se sempre fora da buxa, para evitar que a humidade degrade a válvula e a madeira do soprete e da buxa onde está encaixado, pois é a peça da gaita que mais humidade recebe (resultante da condensação do vapor de água da respiração). Algumas gaitas nem sequer têm soprete e podem ser alimentadas através de um fole mecânico, accionado pelo outro braço e ligado ao fole flexível, como a Uilleann Pipe ou a Musette francesa, por exemplo. 



Ponteiro ou Ponteira
É o tubo sonoro onde se executa a melodia; geralmente é um tubo cónico de madeira com onze buracos, em que oito são tapados com as polpas dos dedos. Os três buracos restantes são os "ouvidos" do ponteiro (colocados na parte inferior), servindo para melhorar o timbre do ponteiro e a estabilidade da sua afinação. Na extremidade superior ("espigo") leva uma palheta dupla de cana que, ao vibrar com a passagem do ar, produz o som. 
A afinação, timbre e escala do ponteiro depende do diâmetro dos buracos e da sua perfuração interna. Consoante a tonalidade em que a gaita esteja, o ponteiro terá uma medida e uma morfologia próprias. No caso de ponteiros com a mesma tonalidade feitos por diferentes artesãos, as medidas também poderão variar ligeiramente, ainda que a tendência seja para a uniformização entre gaitas do mesmo tipo.
Os ponteiros de diferentes gaitas podem ser cónicos, com uma palheta dupla (como no caso da Gaita Transmontana, por exemplo) ou cilíndricos, com uma palheta simples (como a "Gaida" da Bulgária, por exemplo), consoante o tipo de gaita.



Palheta
A palheta é a "alma" da Gaita e é através da vibração das suas lâminas que se produz o som, que é depois modulado nos buracos do ponteiro.
A palheta é formada por duas lâminas de cana simétricas, um pequeno tubo em torno do qual se atam as lâminas de cana e um freio metálico, que junta as canas ao tubo.
Todas estes elementos estão rodeados por um fio que cobre a parte inferior da palheta. As palhetas devem ter as medidas específicas para o modelo de gaita e tonalidade para que foram fabricadas, embora as medidas possam variar de artesão para artesão.
Gaitas diferentes possuem palhetas diferentes (uma palheta de Gaita Transmontana é muito diferente de uma palheta de uma "Cornemuse 16 Pouces" francesa ou de uma "Uilleann Pipe" irlandesa, por exemplo).



Bordão, Ronco ou Roncão
É um tubo sonoro que emite um som constante ou nota pedal. Esta nota é a mesma que a tónica do ponteiro, mas duas oitavas mais grave - é a presença desse som constante que dá à gaita-de-fole o seu som característico.
O som do ronco é produzido por um palhão de cana, de lâmina simples. O ronco é composto por três peças que, encaixadas umas nas outras, formam um tubo comprido que assenta no ombro do tocador. Essas peças são designadas por prima, primeira ou ombreira (peça que assenta directamente no ombro); média, intermédia ou entremeia e copa.
Como sucede em qualquer tubo sonoro, quando se modifica a distância entre as peças (que é o mesmo que dizer o comprimento do ronco), modifica-se também o seu tom.
Assim, o ronco é afinado com o ponteiro, aproximando ou afastando as peças para variar o seu comprimento e torná-lo mais agudo ou mais grave, conforme for necessário e para que possa afinar com o tubo melódico.



Palhão
O palhão é uma palheta simples.
Morfologicamente, consiste numa cana cilíndrica fechada num dos seus extremos e aberta no outro, com um corte horizontal na sua longitude. O corte cria uma lâmina na parte dorsal da cana, a qual vibra à passagem do ar, produzindo o som.
À volta do palhão coloca-se uma borracha ou fio que, mediante um movimento para a frente ou para trás, permite controlar o comprimento da lâmina que vibra, e logo, o seu tom - mais agudo ou mais grave.
Se a porção de lâmina que vibra é mais longa, o som será mais grave. Ao invés, se é mais curta, o som será mais agudo. O comprimento e diâmetro dos palhões variam conforme sejam para ronco ou ronqueta, mas também em função da tonalidade em que a gaita é construída. Diferentes gaitas têm também palhões com diferentes medidas. Mais recentemente existem igualmente modelos de palhões feitos com materiais diversos. Por exemplo, com corpo de plástico e lâmina de cana, metal ou plástico e até corpo de madeira com lâmina de plástico.



Ronqueta

Gaita galega com ronqueta

Mais pequeno do que o ronco, é um tubo sonoro composto apenas por duas peças (prima e copa), que encaixam uma na outra e assentam horizontalmente sobre o braço direito do executante (no caso da gaita galega ou de alguns modelos franceses, como a Chabrette e britânicos, como a Lowland Pipe ou Smallpipe, por exemplo; ou verticalmente sobre o ombro esquerdo, no caso da conhecida gaita escocesa, a Great Highland Bagpipe, ou mesmo paralelamente ao ponteiro, como na Cornemuse 16 Pouces francesa). Este tubo sonoro surge em algumas gaitas, embora não em todas; as gaitas portuguesas não o possuem, por exemplo. Na ronqueta o som também é produzido por um palhão de cana  simples (mais pequeno que o do ronco). 
À semelhança do ronco, mantém uma nota pedal que afina com a tónica do ponteiro, mas, neste caso, apenas uma oitava abaixo deste. Nalguns casos, e dependendo do artesão, a ronqueta pode ter um mecanismo de tampa ou fecho, consoante se queira utilizá-la ou não.



Ronquilho
O ronquilho, exclusivo das gaitas galegas, é constituído por duas peças (prima e copa). Como o ronco e a ronqueta, mantém uma nota pedal, mas afina normalmente com a dominante do ponteiro (Sol, para um ponteiro em Dó, por exemplo). O Ronquilho tem uma furação cónica e leva uma palheta dupla, (de forma semelhante ao ponteiro) o que lhe dá um som característico, muito agudo.
Muito recentemente, alguns artesãos galegos fabricaram ronquilhos de furação cilíndrica, com um minúsculo palhão (em vez de uma palheta dupla) e que afinam na tónica do ponteiro. Mas estes “ronquilhos de palhão” não são ronquilhos autênticos e a sua sonoridade é bastante diferente. A sonoridade das gaitas que possuem um ronquilho é bastante interessante quando são tocadas a solo ou em dueto, verificando-se um cada vez maior interesse por essa sonoridade, caída em desuso na Galiza há pouco tempo.
O ronquilho, colocado horizontalmente logo acima da ronqueta, é característico da gaita galega, não se encontrando tradicionalmente em Portugal quaisquer exemplares com esse tubo sonoro que não sejam de importação. É possível encontrar gaitas que possuem apenas um Ronco e um Ronquilho, sem a Ronqueta adicional (essas gaitas eram, inclusivamente, mais comuns). 


Texto e Imagens: Miguel Costa (Associação Gaita de Foles), 2005 - Direitos Reservados

 


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