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Bulgária |
Esta Kaba Gaida é característica das montanhas Rhodope da Bulgária e possui uma afinação mais grave e um timbre mais suave do que, por exemplo, a
Dzuhra Gaida.
É habitualmente utilizada para executar melodias mais lentas e acompanhar a recitação ou canto de romances
tradicionais.
Curiosamente, em língua búlgara este instrumento chama-se "Gaida", designação esta extremamente próxima da que é usada no espaço ibérico ("gaita"). Uma das hipóteses explicativas para este facto é que o instrumento tenha sido baptizado, ou rebaptizado, pelos Judeus de origem ibérica (Sefarditas), que começaram a espalhar-se pelo Mediterrâneo Oriental e pelos Balcãs a partir de finais do século XV e, sobretudo do século XVI, devido às perseguições religiosas em Portugal e
Espanha.
Outros autores propõem a origem árabe e norte-africana, pois nomes semelhantes surgem noutras áreas geográficas dessa influência, no Médio
Oriente e Norte de África: Al-Ghaita (Marrocos); Ghaida (Turquia),
mas também na europa oriental: Gajda (Eslovénia); Gajdy (República Checa), etc.
Não é de excluir a influência indirecta do Império Otomano (que
entre 1326 d.c. a 1683 d.c. se estendia a quase todo o Médio
Oriente, Magreb e Europa Oriental) para a transmissão de instrumentos
e práticas musicais em todas essas áreas.
Mas tratam-se de hipóteses relativas à origem da denominação do instrumento, que não estão inteiramente comprovadas e que são altamente especulativas.

Detalhe do
ponteiro
O ponteiro do exemplar fotografado é construído com várias
secções anelares de osso e corno. O seu fole é de pele de cabrito e
o ronco está construído com madeira de ameixoeira, com anéis de corno e plástico;
à semelhança da Dzhura Gaida, também o ronco se coloca na vertical,
apontando para o chão.
A afinação deste tipo de gaitas varia entre Ré e Fá, com tendência para dominar o Mi, potenciando a inclusão de vozes femininas muito agudas. A gama é também de uma nona.
A sua digitação é fechada.
A Kaba Gaida é a única no mundo cujo ponteiro apresenta configuração em cone invertido (um pouco à imagem das flautas de bisel normais), o que, além de contribuir para as suas características acústicas, também possibilita que a posição dos dedos nas notas mais graves seja mais confortável e evite a utilização de chaves.
Texto: José Gomes e Miguel Costa (Associação
Gaita de Foles), 2003 - Direitos Reservados
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