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Gaita-de-fole: um instrumento, entre tantos outros

Músicos
franceses: gaita-de-fole (Cornemuse Bourbonnaise) e sanfonas
(foto: J.L. Matte).
Por outro lado, não faz sentido seleccionar apenas os instrumentos
providos de fole (quando falamos de gaitas-de-fole) e separá-los de
outros instrumentos de forma arbitrária. Outros instrumentos coexistem
no mesmo espaço de muitas gaitas-de-fole e será um erro crasso
ignorá-los, comparando apenas gaitas com outras gaitas, de outras
culturas, ignorando totalmente contextos e práticas musicais muito
diferentes.
Veja-se o que acontece, por exemplo, com as percussões, que em muitas
partes do mundo são companhia indispensável das gaitas-de-fole.
Ou seja, cada instrumento musical faz parte de um todo e só dentro
desse todo fará sentido estudá-lo adequadamente.
Embora possamos dividir e classificar os diversos tipos de gaitas
entre si de um ponto de vista organológico, (pelo número e forma de
tubos, formatos, materiais, sons, escalas, tonalidades, etc.), não é
correcto estabelecer de forma categórica quais os tipos que precederam
outros temporalmente, sobretudo se falamos de instrumentos que são
contemporâneos entre si e que também sofreram transformações ao longo
do tempo, que dificilmente se podem documentar com exactidão.
Em ciência, a especulação é útil para estabelecer hipóteses, mas nunca
conclusões.
É preciso ter ainda presente que a forma dos instrumentos musicais
pode ser transformada de forma arbitrária e isolada, de acordo com as
necessidades do ser-humano - mais uma vez, as gaitas não se reproduzem
ou evoluem como animais: são objectos, que podem ser alterados,
criados arbitrariamente ou desaparecer de uma geração para a outra.

Texto: Miguel Costa (Associação Gaita de Foles),
2005 - Direitos Reservados
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